sábado, 21 de agosto de 2010

Foi no aniversário de minha mãe...

Debaixo do coberto eu me encolhia. Era um daqueles sábados que tudo ao redor diz: “não levante antes das 10:00h”. Por azar o telefone tocou e aquele soninho de bebê deixou-me. Eu queria gritar: "volta sono!" Mas ele não escutaria. Pergunto: porque eu tenho que acordar 06:30h se hoje não tem aula?Fiquei na cama até as 07:00h, até porque devo respeitar as regras do final de semana, se não encontro sono, pelo menos enrolo. Mas esse sábado não era como os outros, afinal, minha mamãe completara 36 anos. Como padrão corri até a padaria para comprar pão e fazer aquele café da manhã digno de aniversariante, com a presença dos filhos e duas amigas.
Oramos e depois fizemos o dejejum. No final do café da manhã batem no portão, meu irmão abri e volta com uma feição de repúdio dizendo: “mãe é aquele garoto de novo”. Mamãe, coração doce, diz: "mande-o entrar". Meu maninho com um suspiro diz: "Ah! Que garoto chato". Entretanto, a obedece. Uma das amigas se despede e com educação a aniversariante a leva até o portão. Olha o menino e fala: "meu amor, hoje é o aniversário da tia Rosi". O moleque a abraça, ou melhor, a agarra, com a mesma intensidade do amor que ela demostra ter por ele.O menino senta na mesa farta e observa com olhos famintos. Minha fortaleza pede para que eu prepare pão para ele e no mesmo instante ela coloca o café no leite.Posso dizer que como meus irmãos também pensara o mesmo, que garoto chato, vem aqui todos os dias. Mas meu coração perguntava alto de mais: “Tati e se fosse você passando por dificuldades em casa?” Naquele exato instante eu grudei meus olhos no garoto de pele negra, olhos cabisbaixo, mãos pesadas, corpo forte. Ele só tinha oito anos e era quase do meu tamanho. Apesar de pouca idade, ele já era desprezado pelos outros. Eu perguntava ao olhar sua blusa amarrotada, seus olhos que se desviavam do meu: “seria eu mais uma?” E no estalo dessa pergunta eu corri para o computador, pois minha inspiração para escrever é assim; eu fico a mercê dela, ou vou quando ela aparece ou espero ela voltar. E no final disto que escrevo, relembro com distância de poucos minutos, o amor que meu exemplo de educadora, professora e principalmente mãe realizara ao olhar com amor divino quando alguém precisa, e amar este ser como poucos amariam, isto é, com demonstração. Nisto tenho a certeza que a resposta para interrogação: “seria eu mais uma?” É sem dúvida, não posso a genética não me permite.
Obrigado mãe por me demonstrar lições até no dia do seu aniversário.


Tatiana C.Carmo

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