O dia estava ensolarado, típico da libertação de um período frígido. No ponto de ônibus, sentada eu esperava alguns minutos até o transporte coletivo aparecer. Enquanto isso, deixava o meu olhar percorrer a praça da cidade, observando cada indivíduo que ali estava sem a menor preocupação com o relógio. Se tivesse que descrever a paz que aquele local trouxera; poderia expressar a grandiosidade das belas árvores ao seu redor.Um senhor de óculos grandes se pôs a sentar ao meu lado. Percebi que de seus lábios brotavam uma antiga e intrigante canção patriótica. Como quem espera escutar uma curiosidade, eu agucei meus ouvidos tentando ouvir aquela voz branda.O educado cantor me fascinava e furtava minha atenção. Dentro de mim queria pedir aquela cidade, com seu rotineiro barulho um pouco de silêncio, e se por ventura me negacem, minha feição diria sem qualquer som; “calense”. Naquele momento único que desfrutara, ouviu-se gritos juvenis, ou melhor, era apenas uma conversa com característica de anuncio de circo. Certos jovens, sentaram-se no ponto de ônibus e afirmavam com sua atitude: “atenção, queremos atenção.” O velho senhor começa a narrar um fato: “Um dia uma mãe gritou, Gabriel, Gabriel pega o relógio e o anel". Tentei desvendar o porque desta história sem lógica para o momento, e percebi que aquele velho cantor patriótico apenas ligara o fio de um grito a outro, apesar de circunstâncias distintas. Os jovens tiraram sua música, mas o fizeram reviver um período.Queria poder terminar de escutar sua história, ou se quer aquela canção brasileira, porém o esperado ônibus do músico desconhecido acabara de chegar. Mesmo tendo um imenso óculos sobre os olhos, duvidei da capacidade de suas pupilas e apontei onde estava o ônibus que iria para Guapimirim. O enigma de meu dia foi-se sem virar-se ao menos o rosto. Eu terminei a esperar por alguns segundos meu ônibus, e os jovens incoerentes seguiam com uma pequena discussão para descobrir se um cartão magnético era digital ou não.Não sei se foi coincidência ou interseção divina, mas nesta terrível interrogação juvenil meu transporte chegou, livrando assim, meus ouvidos seduzidos pelo patriotismo de um estopim argumentado por aqueles mancebos.
Tatiana C.Carmo

Seu texto esta muito bom, Tati!
ResponderExcluirContinue escrevendo!
Abraços
Queiroz Clarc